Este projeto tem por finalidade investigar a representação espaço-temporal e afetiva das minorias (principalmente de personagens gays, imigrantes, mulheres e negros), observando a importância da alteridade na cosntrução de uma identidade nacional, a partir da leitura de três autores da literatura brasileira contemporânea: Caio Fernando Abreu, Nélida Pinõn e Lya Luft. Sabemos que os discursos hegemônicos quase sempre fundamentam as práticas das Ciências Humanas, de tal modo que a opressão sobre as alteridades ainda hoje reveste o cotidiano do mundo. No caso específico da literatura-americana, na qual a brasileira se inclui, a representação da alteridade sempre se constituiu como um problema a ser resolvido, visto que, desde o Romantismo, quando se aliou ao projeto de independência política o desejo de uma independência cultural visando produzir uma literatura propriamente nacional, os nossos escritores se empenharam em criar uma representação baseada num modelo único originado pela fala mítica, como observa o crítico antilhano Édouard Glissant (2005), do qual se originam obras como o Guarani e Iracema de José de Alencar, para quem narrar a Nação passa a ser parte dos projetos de escritura no âmbito de um indianismo idealizado. De acordo com Glissant, o mito opera no sentido de criar uma identidade que se estabelece numa relação de Gênese/filiação, o que determina a exclusão do outro. Entretanto, na contemporaneidade, a crítica pós-colonial, procurando reler esse tipo de construção da identidade nacional, aponta para uma revisão dos modelos instituídos pela tradição, forçando o reconhecimento da alteridade e das fronteiras culturais, o que nos permite estudar a identidade por meio de um discurso literário que se posiciona a partir de lugares considerados marginais. Nesse sentido, pensar o outro, as minorias, os excluídos, é por em prática uma atividade humana que precisa, urgentemente, ser descentralizada dos poderes forjados por uma arbitrariedade que se sustenta e se propaga através de um modelo que Foucault chamaria de "A ordem do dsicurso". É essencialmente importante, de acordo com BhaBha (1998:25), pensar que "Cada vez mais, as culturas 'nacionais' estão sendo produzidas a partir da perspectiva de minorias destituídas". Assim, na perspectiva dos Estudos Culturais, que toma o discurso literário numa relação dialógica com outras manifestações da cultura, e da Teoria Pós-colonial, que contrasta com o pensamento que opera a partir de oposições binárias, propondo em seu lugar uma "dupla inscrição", procuraremos dsicutir o caso das minorias na literatura brasiliera, contribuindo para o debate cultural acerca das construções identitárias re-formuladas em tempos de globalização, apontando o lugar da alteridade dentro de um projeto de constituição de uma identidade nacional.