Geral Orientar e desenvolver estudos comparados e interdisciplinares voltados à compreensão das mais variadas representações identitárias presentes nas produções textuais de Língua Portuguesa dos séculos XX e XXI. Específicos a) Discutir a recepção crítica das produções literárias em comunidades de Língua Portuguesa e/ou de fronteiras. b) Analisar e comparar textos e contextos literários recortados pela inscrição de identidades notadamente marcadas por culturas de expressão em Língua Portuguesa. c) Promover análises interdiscursivas que evidenciem a figuração híbrida de identidades de Língua Portuguesa em (trans)formação. Problematização/Justificativa do tema: Pensamos que, nos espaços onde a colonização exerceu e ainda exerce (quando vicejamos a correspondência do termo por globalização) seus efeitos, há, mormente, uma produção literária e crítica que pode, assim, ser vista na sua complexidade sui generis, ou seja, no jogo que exerce entre as condicionantes externas (materiais, sociais, culturais e psicológicas) e as internas. O resultado dessa negociação irá se consolidar na forma literária, muitas vezes acentuadamente híbrida, mestiça e ímpar. No entanto, notamos que em nossa contemporaneidade há fluxos comunicacionais igualmente relevantes que operam numa plataforma transversal e territorial, fora do eixo universalismo/particularismo. Em outras palavras, paralelamente à globalização e/ou em movimento contrário à ela, mas se beneficiando dela ao mesmo tempo, há o que Édouard Glissant considerou como mundialidade ou globalidade. Ora, esse novo foco na produção cultural, social, política e literária entre os povos ex-colonizados ou comunidades parceiras deslocam a dicotomia Centro/Periferia para zonas multipolares, criando várias redes de contato que permitem plasmar objetos culturais diversos sem, entretanto, delegar sua legitimidade (no âmbito da intertextualidade) às estruturas universalistas ou hegemônicas. Aspectos teóricos e metodológicos: Para investigar uma teoria literária representativa dos povos (pós-)colonizados, devemos antes considerar os avanços de muitos estudos acerca do imaginário da cultura. Nós iremos citar apenas alguns deles, que acreditamos estar mais próximos dos nossos pressupostos. Desde as primeiras iniciativas de Raymond Williams, têm surgido proeminentes intelectuais, tais como E. Said, E. Hall, Bhabha e mais recentemente Spivak, que, se juntando ao coro de Boaventura de Sousa Santos, Nestor Cancline e Serge Gruzinsk, por exemplo, conseguem definitivamente furar a bolha do imaginário do ocidente. Esses intelectuais, cada um a seu modo e em variados graus, conseguiram perceber, na posição do sujeito, uma situação de conflito (identitário ou cultural) que revela tanto a presença obsedante do imaginário nele imposto quanto variadas rotas pelas quais esse mesmo imaginário se perde, quando esse sujeito projeta, através de elementos não reconhecíveis, outras formulações, outras imagens. Cremos, ainda, que esse faro teórico é, na vida dos escritores pós-coloniais, uma realidade existente na ficção que oferecem. Repercussões/Possíveis Aplicações e Impactos: Em síntese, a pesquisa poderá contribuir para o fortalecimento de pesquisas institucionais vinculadas aos professores que atuam na graduação e na pós-graduação, assim como de pesquisas de formação desenvolvidas por alunos de graduação, de especialização, de mestrado e de doutorado, e, em especial, para o fortalecimento do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERN (Mestrado/ Doutorado), na linha de pesquisa Discurso, memória e identidade, e para as pesquisas desenvolvidas no Grupo de Pesquisa em Literaturas de Língua Portuguesa (GPORT).